4.DESINFECÇÃO e 5.ESTERILIZAÇÃO

Fonte: http://www.prolab.com.br/

ASSUNTOS: DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES / 
ISOLAMENTO DE MICRO-ORGANISMOS DE SUPERFÍCIES INANIMADAS/ ESTERILIZAÇÃO EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA/ PREPARAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MEIOS DE CULTURA


(Microbiologia Básica / Profa . ZilkaNanes Lima)

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Glossário

Assepsia (HIGIENIZAÇÃO PREVENTIVA DO AMBIENTE) 
    1) Consiste num conjunto de métodos e processos de higienização de determinado ambiente, com a finalidade de evitar a contaminação do mesmo por agentes infecciosos e patológicos.

Anti-sepsia 
     1) Feita através do uso de substâncias químicas, como microbicidas, por exemplo, que visam eliminar  ou diminuir a proliferação das bactérias (ou demais micro-organismos indesejados), seja num organismo vivo ou num ambiente.
2)     É o método através do qual se impede a proliferação de micro-organismos em tecidos vivos com o uso de substância químicas (os anti-sépticos).
3)     A mesma substância química usada em objetos inanimados será chamada de desinfetante. E quando usada em tecidos vivos será chamada de anti-séptico. Ex. clorexidina e iodopovidina.
Autoclave
1)     É um aparelho utilizado para esterilizar vidrarias, meios de cultura, algodão, gaze etc., através do calor úmido sob pressão. Inventado por Charles Chamberland, auxiliar de Louis Pasteur.
2)     Nada mais é do que uma câmara com força suficiente para suportar pressões de 20 até 30 libras por cm2 e, eventualmente, suportar também alto vácuo

Esterilização
1)     Tornar estéril ou livre de micro-organismos. Tornar incapaz de se reproduzir
2)     Inativação total de todos os micro-organismos quanto à capacidade reprodutiva
3)     Esterilização acontece por calor seco, calor úmido, raios gama, raios X e compostos químicos.
.

Desinfecção
1)     Destruição dos micro-organismos por meios químicos ou físicos aplicados diretamente em superfícies inanimadas.
2)     Processo que reduz o número de bactérias contaminantes a um “nível razoável de segurança” mas que não se aplica necessariamente, na eliminação de todos os microrganismos viáveis.

1.a) DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES:
Na desinfecção de superfícies podem ser utilizados: álcool a 70% (ou 77o GL); compostos sintéticos de iodo; compostos fenólicos; hipoclorito de sódio ou solução alcoólica de clorexidina. Atualmente, tem sido preconizada a técnica spray-wipe-spray, cuja técnica inclui a pré-limpeza e a desinfecção, e consiste em aplicar o desinfetante na superfície com auxílio de um borrifador; a seguir, limpar a área com toalha de papel e realizar nova aplicação do desinfetante.

Tabela 1.  Atividade antimicrobiana das principais classes de desinfetantes, anti-sépticos e esterilizantes

Agente
Bactérias Gram +
Bactérias Gram -
Esporos bacterianos
Fungos
M.tuberculosis*
HIV**
HBV***
Halogênios (1)
+
+
±
+
±
+
+
Aldeídos (2)
+
+
+
+
+
+
+
Fenóis (3)
+
+
(-)
+
+
+
+
Compostos de amônio quaternário (4)
+
+
(-)
±
(-)
(-)
(-)
Álcóois (5)
+
+
(-)
±
+
+
+
Clorexidina
+
+
(-)
±
(-)
+
(-)

Gram + = Gram-positivas; Gram - = Gram-negativas; * Mycobacterium tuberculosis; (O M. tuberculosis é mais resistente aos desinfetantes químicos que qualquer outra bactéria não esporulante). ** HIV: vírus da imunodeficiência humana; *** HBV:vírus da hepatite B. + = tem atividade antimicrobiana; ± =moderada atividade antimicrobiana (-) = não tem atividade antimicrobiana. (1) Flúor, cloro, iodo; (2) Formaldeído e glutaraldeído; (3) Hexaclorofeno, policresuleno, cloroxilenol; (4) Cloreto de benzalcônio, cetrimida. (5) Etanol e isopropanol.

      Os agentes químicos podem ser classificados de acordo com a eficácia em 3 grupos principais:
  • Alto nível: Promovem a esterilização dos materiais. Agem contra fungos, bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, esporos bacterianos e vírus.
  • Nível intermediário: Capazes de destruir quase todas as formas de microrganismos, a exceção dos esporos.
  • Baixo nível: Não agem contra o vírus da hepatite, poliomielite, esporos e Mycobacterium tuberculosis.

1.b) TÉCNICA PARA ISOLAMENTO DE MICRO-ORGANISMOS DE SUPERFÍCIES INANIMADAS (ANTES E APÓS O USO DE ÁLCOOL A 70%)
A)    Material necessário:
- Placa de Petri com Agar Sangue (ou outro Meio de cultura não seletivo)
- Lápis marcador
- Dois swabs esterilizados
- Tubo com 2 mL de solução fisiológica
- Frasco contendo álcool a 70%
- Papel toalha
B)    Procedimento
- Dividir o fundo da placa de Petri contendo o ágar Sangue em duas partes com lápis para vidro, e identificar a placa;
- Pegar um swab estéril, umedecê-lo em salina estéril e esfregar sobre a bancada . A seguir semear metade da placa com o swab identificando “antes”;
- Realizar desinfecção da bancada com álcool a 70%, esperar 2 minutos. A seguir utilizando-se de outro swab estéril umedecido em salina também esterilizada, esfregar na bancada e semear na segunda parte do meio de cultura. Identificar: “depois”.
- Incubar as placas em estufa bacteriológica à 36oC por 24 horas. Observar e discutir o resultado.



2. PREPARAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MEIOS DE CULTURA
MEIOS DE CULTURA: Antes de descrever a técnica de preparação de meios de cultura o bacteriologista precisa saber os tipos de meios de cultura; como esterilizar estes meios, as placas de Petri, a vidraria e todo o material utilizado no Laboratório de Microbiologia Básica. A esterilização do meio de cultura é realizada após a sua hidratação, visando eliminar os micro-organismos contaminantes.

Meios de cultura - Quanto à consistência:
- Sólidos: tem 1,5% de ágar. Nele obtemos crescimento de colônias isoladas.
- Semi-sólidos: adição de menor quantidade de ágar, utilizado para leitura de motilidade bacteriana.
- Líquidos ou caldos: Não contêm ágar, utilizado para obter enriquecimento de micro-organismos por turvação do meio.

Meios de cultura - Quanto à função e conteúdo químico:
De acordo com seu conteúdo químico, os meios de cultura podem ser sintéticos ou complexos.
1. Meio de Enriquecimento: Geralmente líquido, de composição química rica em nutrientes, com a finalidade de permitir que as bactérias contidas em uma amostra clínica aumentem em número.
Ex.: Caldo Brain Heart Infusion (BHI) e CaldoTetrationato.
2. Meio não seletivo: Tem na sua composição nutrientes básicos para todos os micro-organismos não-fastidiosos e de fácil crescimento. Ex: Agar sangue, Agar BAB (Blood Ágar Base), ágar CLED (Cystine Lactose Eletrolyte Deficient).
3. Meio Seletivo: A finalidade deste tipo de meio é selecionar as espécies que se deseja isolar e impedir o desenvolvimento de outros germes (têm na sua composição adição de corantes, antibióticos e outras substâncias com capacidade inibitória para micro-organismos determinados). Ex.: Agar Manitol Salgado, Agar SS, Agar MacConkey e Agar Eosin Methilene Blue (EMB).
4. Meio Diferencial: Possibilita a distinção entre vários gêneros e espécies de microrganismos, por possuir substâncias que permitem uma diferenciação presuntiva, evidenciada na mudança de coloração ou na morfologia das colônias.
Ex.: Agar Eosin Methilene Blue (EMB), Agar MacConkey e Agar Hektoen.
5. Meio Indicador:  É utilizado no estudo das propriedades bioquímicas das bactérias, auxiliando, assim sua identificação. O mais simples é aquele usado no estudo das reações de fermentação. Ex.: Agar Triple Sugar Iron (TSI), Agar Citrato de Simmons, Agar Eosin Methilene Blue (EMB), Agar MacConkey e Agar Hektoen.
Meio de Transporte (não é um ‘meio de cultura’): Consiste em um meio isento de nutrientes, contendo um agente redutor (cisteína). Geralmente mantém o pH favorável, previne a desidratação de secreções durante o transporte e evita a oxidação e auto-destruição enzimática dos patógenos presentes.
Ex.: Meio de Stuart e Meio de Cary-Blair.


ESTERILIZAÇÃO EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA

CALOR ÚMIDO SOB PRESSÃO (AUTOCLAVAÇÃO)

            Durante a autoclavação ocorre na estrutura orgânica dos microrganismos desnaturação protéica, coagulação de proteínas e de enzimas, fusão de lipídeos da membrana celular.
            Para obtermos vapor saturado devemos expulsar todo ar livre, da autoclave. A presença desse ar faz variar a temperatura obtida no processo, impedindo, ás vezes, que haja uma esterilização eficiente.
Um fator de grande importância na exaustão completa do ar da autoclave é que geralmente as temperaturas de autoclavação são medidas por manômetros de pressão, em função das relações conhecidas e não diretamente por termômetros.
            É importante que a água seja sempre trocada (usar água destilada) para esterilização de meios de cultura, para evitar uma contaminação química dos mesmos. Convém utilizar uma autoclave especialmente, para a produção de meios de cultura e outro para esterilizar todo o material contaminado.

Como utilizar a autoclave:
1)     Repor a água no nível indicado (geralmente logo abaixo da grade de suporte de material, a grade vista por cima tem forma de X);

2)     Carregar a autoclave, colocando a vidraria maior embaixo e pequenos tubos dentro de cestas na parte superior, deixando espaço entre os materiais para permitir que o vapor circule entre os componentes e evite quebra da vidraria;

3)     Fechar a tampa, verificar se a borracha está encaixada, apertar os fechos de segurança simetricamente e deixar a válvula de escape aberta;

4)     Ligar as duas resistências (geralmente ligadas a 220V). Ligar a chave geral e depois a chave da autoclave no máximo (ATENÇÂO: Aumentar a chave da autoclave passando de DESLIGADO para MÍNIMO, depois MÉDIO até chegar em MÁXIMO). Deixar no MÁXIMO e esperar a emanação de vapor fluente, ininterrupto, pela válvula de escape;

5)     Vapor fluente emanando, fechar a válvula de escape e esperar até que o manômetro atinja a pressão desejada (1 atm ou 121oC). Passar então para o MÉDIO (algumas autoclaves no MÍNIMO);

6)     Marcar o tempo de esterilização (15 minutos para meios de cultura e 30 minutos para material contaminado). Se a pressão desejada cair, colocar no MÁXIMO até chegar novamente em 1 atm; se a pressão desejada aumentar colocar no mínimo ou desligar as resistências;

7)     Terminado o tempo de autoclavação desligar as resistências e esperar a pressão voltar a zero. Abrir a válvula de escape, esperar o vapor sair. Abrir a autoclave e retirar o material.


PS: Melhor vídeo que encontrei no Youtube sobre o uso da autoclave. 
Para ser perfeito a moça deveria está usando EPIs. 

Figura 1 - Autoclave vertical de 30 litros do Laboratório de análises clínicas da UEPB
Fonte; Autora (arquivo pessoal)


CALOR SECO (ESTUFA DE ESTERILIZAÇÃO)
Na estufa esterilizamos toda a vidraria (Placas de Petri, pipetas de vidro, tubos de vidro com tampas de algodão etc.). Para facilitar o trabalho na hora da distribuição dos meios de cultura, faça os pacotes com placas de mesmo tamanho e as deixe na mesma posição (todas com a tampa para cima ou para baixo). ATENÇÃO: Quando usar algodão é preferível utilizar o calor úmido, caso utilize o calor seco proteja o algodão com papel.
O material deve ser embrulhando com papel manteiga ou papel kraft. Fazendo pacotes semelhantes aos de mercearia, com extremidades bem presas.
A estufa deve ser preenchida de maneira que o papel não toque nas paredes.
Ajustar o termostato da estufa. Ligar, esperar a temperatura atingir 175º C, e então marcar 2 horas. Após este tempo, desligar e esperar esfriar para então retirar o material.
PS: Caso a estufa ultrapasse a temperatura desejada, desligue o botão ON-OFF e depois retire da tomada. Não abra antes de esfriar.

PARA  DISTRIBUIÇÃO DOS MEIOS DE CULTURA - NUNCA ESQUECER:
® Antes de utilizar a sala de meios de cultura, fechar a porta da sala, ligar a luz ultravioleta por 30 minutos. O interruptor fica do lado de fora da sala, ele ligará a luz UV (que fica dentro da sala) e a luz de alerta – vermelha (que fica fora da sala na parte superior da porta);
® Deve ter-se sempre presente que a lâmpada UV só deve estar ligada na ausência de pessoas no interior da sala.
® Certificar-se de que ao dar início às operações, todo o material necessário está ao alcance imediato, de forma a realizar o trabalho o mais rapidamente possível
® Certificar-se que não exista nenhuma corrente de ar, que possa a vir contaminar os meios de cultura.
® Desinfetar (com álcool à 70%) e arrumar convenientemente a bancada de trabalho
® Utilizar luvas, máscaras e óculos de proteção individual. Evitar falar durante a distribuição dos meios de culturas.
® Os recipientes devem estar abertos o mínimo tempo possível e, enquanto abertos, todo o trabalho deve ser realizado preferencialmente junto à chama do bico de Bunsen
® Uma vez abertos os recipientes, como tubos, balões e frascos, o seu bocal deve ser flamejado de imediato
® A fim de evitar as contaminações durante as manipulações que envolvam placas de Petri, a exposição das superfícies internas estéreis deve durar o mínimo de tempo possível
® Deixar os meios de cultura, após autoclavados atingirem a temperatura ideal (45-55ºC) para distribuir, pois se muito quente forma-se água de condensação que facilita a contaminação.
® Sempre guardar as placas após prontas com a tampa para baixo e o meio para cima - em geladeira, dentro das jarras de microaerofilia, em estufa - a única exceção é na hora da esterilização de placas contaminadas – que coloca-se em autoclave com a tampa para cima dentro de sacos plásticos que suportem o calor úmido (121ºC por 30 minutos).
® Não distribuir os meios em qualquer material e tamanho de placa.. O tamanho vai depender da finalidade e de que métodos estamos utilizando, o material da placa também (vidro ou plástico).

Referências bibliográficas:
- Jorge, A.O.C.. Microbiologia: atividades práticas 2a edição.  Ed. Santos. São Paulo, SP, 2008

- Oplustil, C.P.; Zoccoli, C.M.; Tobouti, N.R.; Sinto, S.I. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica 3a edição.Ed. Sarvier, São Paulo- SP, 2010.

- Conhecimento adquirido.

                           

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