17. ANTIBIOGRAMA PELA TÉCNICA DE KIRBY-BAUER

Antibiograma de enterobactéria pela técnica de Kirby-Bauer
Fonte: Autora (arquivo pessoal)

ANTIBIOGRAMA
(TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS)

                                  (Microbiologia Básica / Profa . ZilkNanes Lima)
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  1. INTRODUÇÃO:
                        A realização e a interpretação do teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) é uma das principais e desafiadoras tarefas do laboratório de microbiologia, seja pelas limitações dos testes utilizados, como, por exemplo, as encontradas no teste de Kirby e Bauer e automação, seja pela detecção cada vez mais crescente de novos mecanismos de resistências.
            Um dos princípios básicos, comum a todas as metodologias, é a realização do teste em bactérias isoladas de amostras clínicas representativas de um processo infeccioso, no qual a sensibilidade aos antimicrobianos não é previsível.

  1. SELEÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS A SEREM TESTADOS:
O laboratório tem a responsabilidade de testar e reportar os antimicrobianos mais apropriados para o micro-organismo isolado e o sítio de infecção.
As orientações sobre os antimicrobianos mais adequados para cada grupo de microrganismos (aeróbios e fastidiosos), as recomendações detalhadas de como realizar a metodologia e a interpretação dos testes são publicadas e atualizadas periodicamente por organizações especializadas. A grande maioria dos laboratórios brasileiros segue as recomendações padronizadas pelo BrCAST, Brazilian Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing  http://brcast.org.br/documentos/ , sendo que alguns laboratórios ainda adotam o documento do CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute (USA), pdf CLSI M100-S25

  1. MATERIAL CLÍNICO:
Para realizar os testes de sensibilidade aos antimicrobianos é necessário um isolado bacteriano viável de cultura recente a ser testada e um grupo de antimicrobianos mais indicado de acordo com o tipo de bactéria e o material clínico do seu isolamento.
Observação: Para monitorar a precisão e acurácia dos procedimentos aplicados no TSA e verificar a qualidade dos materiais empregados e a competência dos colaboradores na realização das várias etapas do teste utilizamos controle de qualidade. Para o controle devem ser utilizadas cepas-padrões de coleções como ATCC – American Type Culture Collection.

Tabela 1. Mecanismo de ação de alguns antibióticos
MODO DE AÇÃO
ANTIBIÓTICOS
Parede celular
Penicilina, cefalosporina, cefamicinas, monolactâmicos, bacitracina, fosfomicina, vancomicina
Membrana citoplasmática
Anfotericina B, Nistatina, Polimixinas, Tirotricina
Ácidos nucleicos
Griseofulvina, Rifampicina, Quinolonas.
Síntese Proteíca
- Inibindo a síntese

- Formação de proteínas defeituosas

Clindamicina, Cloranfenicol, Eritromicina, Lincomicina, Tetraciclina.
Amicacina, Canamicina, Estreptomicina, Gentamicina, Neomicina, Tobramicina.


  1. PRÁTICA (EM DUAS PARTES):
4.1. PRIMEIRA AULA (Método da difusão do disco descrito por Kirby e Bauer em 1966)

4.1.1.     MATERIAL NECESSÁRIO:
- Cultura em meio sólido dos microrganismos a serem testados (Gram-positivo: Staphylococcus aureus, Gram-negativa: Escherichia coli)
- Lâminas de microscopia
- Alça de platina
- Bateria de coloração de Gram
- Dois swabs esterilizados
- Duas placas de Petri contendo meio para antibiograma (ágar Mueller Hinton)
- Uma pinçab
- Discos de antibióticos.

4.1.2. PROCEDIMENTOS:
- Fazer um esfregaço da cultura a ser utilizado, corar pelo método de Gram (cultura pura do microrganismo em meio sólido, com 24 horas de incubação). A finalidade da lâmina é observar a morfologia e características de coloração, para orientar a escolha dos antibióticos a serem testados.
- Preparar uma suspensão bacteriana-padrão equivalente a 0,5 da escala de McFarland que corresponde a aproximadamente 1 x 108 UFC/mL e que pode ser obtido pelo método da suspensão direta ou método de crescimento. Essa etapa é crítica e deve ser seguida conforme as recomendações para a obtenção de resultados confiáveis.
- No método da suspensão direta com o auxílio de alça ou agulha bacteriológica tocar na superfície de três a quatro colônias com a mesma morfologia e suspender em 3 a 4 mL de solução fisiológica estéril, calo Mueller Hinton ou caldo TSB.
(Preparo do inoculo)
- Comparar o inóculo ajustado com a escala de MacFarland colocando os tubos lado a lado contra um cartão de fundo preto com tiras brancas. Os tubos devem ter a mesma dimensão/diâmetro, para serem comparados.
- Se a turbidez ultrapassar a escala, ajustar com solução fisiológica estéril.
(Inoculação nas placas)
- Dentro de 15 minutos após o ajuste do inoculo, proceder à semeadura introduzindo um swab estéril na suspensão padronizada.
- Comprimir o swab na parede interna do tubo para retirar o excesso do inoculo e semear na superfície do ágar Mueller Hinton em três direções.
- Deixar a placa semeada tampada por 5 minutos e não mais de 15 minutos à temperatura ambiente, para que o inóculo seja completamente absorvido pelo ágar antes de aplicar os discos.
(Aplicação dos discos)
- A distância entre um disco e outro dever ser no mínimo de 24 mm. Colocar no máximo 12   discos em placas de 150 mm e não mais que 5 em placas de 90 mm.
- Após a colocação dos discos, pressionar levemente a superfície de cada disco com o auxílio de uma pinça.
- Uma vez o disco colocado, não remover do lugar, pois a difusão da droga é imediata.

(Incubação das placas)
- Incubar as placas invertidas em, no máximo, 15 minutos após a colocação dos discos.
- Incubar em estufa aeróbia.
- A temperatura máxima da estufa dever estar aferida em 35 ± 2oC, e em 33-35oC para testes com disco de oxacilina e cefoxitina para Staphylococcus spp.
- O tempo de incubação deve ser de 16 a 18 horas (exceções: vide Oplustil et. al.)

4.2. SEGUNDA AULA (Interpretação dos resultados):

4.2.1.     A interpretação dos resultados é feita medindo-se os halos de inibição do crescimento bacteriano nas placas semeadas na aula passada, ao redor dos discos. A medida é realizada com paquímetro, régua escolar transparente e anotada em milímetro (mm).
4.2.2.     Os halos de inibição para cada antimicrobiano testado devem ser interpretados nas categorias sensível, intermediário ou resistente, de acordo com critérios estabelecidos nas tabelas do BrCAST (revisado anualmente). *


Referências bibliográficas:
- Jorge, A.O.C.. Microbiologia: atividades práticas 2a edição.  Ed. Santos. São Paulo, SP, 2008

- Oplustil, C.P.; Zoccoli, C.M.; Tobouti, N.R.; Sinto, S.I. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica 3a edição.Ed. Sarvier, São Paulo- SP, 2010.

-*Documento do BrCAST de Janeiro 2018 (Brazilian Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing) http://brcast.org.br/documentos/

- Normas de desempenho para Testes de Sensibilidade Antimicrobiana: 28º Suplemento Informativo. CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute)., 2018.

- Conhecimento adquirido.

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